O que é poliomielite e por que se fala tanto na volta dela ao Brasil?Fiocruz alerta para queda na taxa geral de vacinação no Brasil

Embora a vacinação contra a covid-19 não possa ser deixada de lado, “a imunização de rotina sustenta os cuidados primários de saúde em todo o mundo”, afirma Bruce Aylward, conselheiro-sênior do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, em coletiva de imprensa. “Como vimos há alguns meses, o diretor-geral [da OMS] alertou o mundo sobre o maior declínio nas taxas de cobertura de imunização de rotina, que vimos em uma geração, durante a pandemia”, acrescenta Aylward.

Emergência da covid-19 e de outras doenças conhecidas

“Portanto, além da emergência da covid-19 [a pandemia ainda não acabou], temos uma emergência de imunização de rotina”, pontua Aylward. “Temos que proteger as pessoas contra o sarampo, contra a poliomielite, contra todas essas outras doenças importantes. Então, precisamos fazer isso em paralelo”, complementa o porta-voz da OMS. Para retomar as taxas vacinações em todo o globo, “os países que mais precisam têm de ter os melhores produtos possíveis e um fornecimento seguro a longo prazo, e isso precisa ser feito de maneira integrada e apoiada à vacinação de rotina das populações”, finaliza.

Entenda a importância da vacinação de rotina

Como reflexo da queda da vacinação de rotina, um dos exemplos mais trágicos deste ano foi o surto de sarampo em crianças no continente africano. No Zimbábue, mais de 700 crianças morreram em decorrência da doença que poderia ser evitada através de imunizantes seguros e eficazes. “Nunca vimos o número de crianças não imunizadas que estamos vendo agora”, afirma Deblina Datta, médica e parte do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, para a agência internacional de notícias Reuters. A atuação de Datta está concentrada na eliminação global do sarampo.

A poliomielite no Brasil

Embora o Brasil não tenha enfrentado surtos de doenças associadas com a vacinação de rotina, o número de imunizações de outras doenças, além da covid-19, está em queda para todas as faixas etárias. Em 2021, a cobertura vacinal do país foi de 59,50%, considerando as vacinas disponibilizados dentro do Calendário Nacional de Imunização do sistema Único de Saúde (SUS). Em maio deste ano, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) incluiu o Brasil em uma lista de alto risco de reintrodução da poliomielite, ou seja, é possível que novos casos da paralisia infantil voltem a ocorrer entre os brasileiros. Ao lado do país, estão a República Dominicana, o Haiti e o Peru. Em comum, todos enfrentam baixa cobertura vacinal contra a pólio. Desde 2015, o Brasil não alcança a meta de imunizar 95% do público-alvo contra a pólio, composto basicamente por crianças. No cenário em que poucas crianças são imunizadas contra este vírus, é preciso lembrar que a infecção pode ter consequências permanentes na vida do indivíduo. Fonte: OMS e Reuters