Achou o nome familiar? Não estranhe. O Bluetooth SIG, consórcio responsável pela padronização da tecnologia, revelou os primeiros detalhes do Bluetooth LE Audio no começo de 2020. A expectativa era a de que os primeiros dispositivos baseados no novo padrão fossem anunciados no final do mesmo ano. Mas, aparentemente, a pandemia de COVID-19 estragou os planos. Em clima de “antes tarde do que nunca”, o Bluetooth SIG anunciou as especificações completas do Bluetooth LE Audio nesta semana. A nova versão não traz um, mas vários avanços importantes. Dois deles são destacados a seguir.

Mais qualidade, menos energia

Se eu tivesse que resumir o Bluetooth LE Audio em uma frase, escolheria esta: a tecnologia vai para melhorar a qualidade de áudio e a eficiência enérgica dos fones de ouvido. O aspecto da qualidade vai ser favorecido pela implementação do Low Complexity Communication Codec (LC3). Esse é o nome de um codec que promete otimizar a transmissão de áudio via Bluetooth. A função de um codec consiste em codificar e decodificar áudio de modo que a maior quantidade possível de informações possa ser transmitida dentro da largura de banda disponível. Neste ponto, precisamos ter em mente que o Bluetooth clássico trabalha, por padrão, com o Subband Codec (SBC). Esse é um codec básico, por assim dizer, mas que permite transmissões com qualidade minimamente satisfatória. O LC3 é superior por proporcionar muito mais qualidade de áudio usando o mesmo bitrate do SBC — se você não sabe do estamos falando, eis uma explicação sobre bitrate. O novo codec também pode trabalhar com um bitrate menor, mas manter uma qualidade de áudio ligeiramente superior em relação ao SBC. Como exemplo, o Bluetooth SIG explica que o Bluetooth clássico pode codificar um fluxo de áudio de 1,5 Mb/s para um de 345 Kb/s. Já o Bluetooth LE Audio pode ir de 1,5 Mb/s para 160 Kb/s e, ainda assim, proporcionar mais qualidade. Em outras palavras, o LC3 consegue fazer mais com menos. E isso também tem um efeito sobre a eficiência energética. Um bitrate menor tende a demandar menos energia, aspecto que, em tese, aumenta a autonomia da bateria dos fones.

Auracast: vários fones em um só dispositivo

Outro recurso tão ou mais interessante do Bluetooth LE Audio é o Auracast. A ideia é permitir que você possa emparelhar vários dispositivos de áudio em um só aparelho, simultaneamente. É como se todos esses dispositivos formassem uma rede sem fio fechada, mas baseada em áudio. Assim, você pode ligar duas ou mais caixinhas de som ao mesmo smartphone para aterrorizar os vizinhos. Se você for da turma do bem, pode compartilhar o que está ouvindo no celular com um amigo no ônibus, cada um com os seus respectivos fones Bluetooth.

Bluetooth LE Audio: para quando?

Apesar de as especificações do Bluetooth LE Audio terem sido completadas, vai levar algum tempo para a indústria adotar a tecnologia. Mas não muito. A expectativa do Bluetooth SIG é a de que os primeiros dispositivos baseados no novo padrão sejam anunciados no final de 2022. Porém, é mais provável que só tenhamos acesso a eles a partir de 2023. Mas é uma espera que deve valer a pena. Uma das razões para isso é a possibilidade de o Bluetooth LE Audio deixar o mercado de fones de ouvido mais competitivo. Basta levarmos em conta que o SBC, por ser básico, costuma ser o único codec de gadgets de baixo custo ou médio. Produtos mais sofisticados tendem a adotar codecs mais avançados, como AptX. Como essa e outras opções são proprietárias, há custos de licenciamento que costumam ser embutidos no preço final do dispositivo. Como o Ars Technica explica, “com o Bluetooth LE Audio, os dispositivos podem suportar até 48 kHz, áudio de 32 bits em bitrates de 16 a 425 Kb/s”. Isso não significa que codecs proprietários serão deixados de lado, mas que, provavelmente, teremos fones sem fio (e outros dispositivos) mais interessantes e não muito caros. Tomara.

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