Monges da Idade Média sofriam muito mais com parasitas que a população comumDNA da herpes é encontrado em esqueletos medievais

Alguns intrépidos cientistas resolveram estudar a eficácia da oração secreta apenas recentemente, talvez por já imaginar o resultado dos testes. Os resultados podem ser curiosos, afinal de contas, não é? “O Segredo” vem de uma tradição medicinal mágica, um resquício das práticas de monges quando esforços de cura eram simples e rudimentares. Sacerdotes eram comumente os médicos de seu tempo, e basearam um dos milagres de Jesus, dos evangelhos sinóticos, na prática — especificamente, o evento onde ele cura uma mulher que sangrava. O conhecimento foi sendo passado de um “Fazedor de Segredo” ao outro, considerado uma fórmula de cura ou prece que, supostamente, mobilizaria forças superiores para atuar na recuperação do paciente.

Resultados surpreendentes… ou não

Para os autores do estudo, foi uma surpresa descobrir que esse curandeirismo específico ainda é largamente utilizado na parte suíça falante do francês, sendo até mesmo considerado um patrimônio intangível da UNESCO. Para testar sua eficácia, foram comparados os resultados de 200 pacientes que passaram por cirurgias coronárias invasivas no país: 76% deles acreditavam que “O Segredo” os protegeria do sangramento excessivo, e até mesmo pediram para que o cirurgião o executasse. Essa, talvez, seja a parte mais surpreendente da pesquisa. Metade dos operados recebeu os cuidados normais para todo paciente, enquanto a outra metade recebeu o mesmo cuidado, mas com “O Segredo” sendo adicionado aos procedimentos. A escala de sangramento elaborada pelo Consórcio de Pesquisa Acadêmica de Sangramento (CPAS) foi utilizada para medir a perda de sangue de cada paciente, indo de 1 a 5, de forma crescente. Como já se pode imaginar, a prática não apresentou mudanças no sangramento durante as operações, e os grupos tiveram resultados mais ou menos idênticos. Entre os recebedores da prece, 72% não apresentaram sangramento, enquanto 16% ficaram na escala 1 da CPAS, e 12% na escala 2. Já os que só receberam cuidados comuns, 73% não sangraram, 14% ficaram na escala 1 e 13% na escala 2. Nenhum deles ficou com taxas altas de sangramento, ou seja, escala 3 ou acima.

Placebo e estresse

A maioria dos participantes acreditava que “O Segredo” seria benéfico, mas que não afetaria o sangramento. Segundo os cientistas, muito embora mesmo os pacientes saibam que a prática não tem nenhuma importância para a cardiologia, ela serve como um remédio popular para aliviar a ansiedade dos supersticiosos. É um condicionamento neuropsicológico, um placebo como qualquer crença ou técnica de feedback biológico. O estudo não analisou o aspecto de placebo da prece medieval e seu efeito nos pacientes, mas imaginam que ela realmente possa ajudar a aliviar o estresse, o que pode de fato ajudar a melhorar resultados clínicos e o bem-estar de alguns pacientes, a depender de sua supersticiosidade. É importante, no entanto, ter a ciência de que ela não irá estancar sangramentos. Fonte: Open Heart